Bibi Williams. Foi assim com nome fofo e sobrenome de equipe de Fórmula 1 que a consultora de comunicação Erika Freitas, 39 anos, de São Paulo, apelidou seu primeiro carro – um Chevrolet Corsa cinza 1995, que morou por quatro anos na sua garagem. A compra do automóvel, em 2003, foi uma grande conquista e teve direito a apresentação especial para a família. “Eu dirigi o carro de São Paulo a Santos, onde meus pais vivem. Entrei na garagem e chamei todos para vê-lo. Eles ficaram muito orgulhosos”, lembra.
As recordações de Erika revelam também o vínculo emocional que ela criou com o seu automóvel. “Tinha sofrido um acidente de carro no passado, mas, graças ao Bibi, consegui superar o receio de dirigir. Depois disso, comecei a levar minhas amigas para cima e para baixo e virei a ´caroneira´ oficial da turma”, diz. Com o tempo, o automóvel foi se desgastando e, em 2007, chegou o momento da revenda, uma decisão difícil, mas necessária. O carro já tinha rodado muito e apresentava problemas. “Quando fui à concessionária buscar o substituto, me despedi do Bibi, agradeci a ele a independência que ele tinha me proporcionado e pedi que fizesse feliz seu novo dono”, conta Erika, aos risos.
Amor à primeira vista
A consultora comercial de São Paulo Vanessa Ludovino Zanchetta, 43 anos, fica eufórica ao falar de Hulk (alusão ao personagem de histórias em quadrinhos), um Volkswagen Passat 1979, adquirido quando Vanessa tinha 19 anos. Ela conta que poupava todas as suas economias e, quando atingiu a quantia ideal, correu até uma concessionária atrás de seu escolhido. “Na hora, me apaixonei por esse modelo GLX, luxuoso, com bancos de veludo”, lembra.
Vanessa se divertiu muito no volante do Hulk. Ela colocava as amigas na caranga e seguia para a Rua Augusta, badalada via paulistana. O objetivo? Paquerar. O carro rendeu até casamento. “Conheci meu primeiro marido no trânsito. Ele parou ao lado e pediu meu telefone. Depois de muitos foras, eu saí com o moço. O romance foi longe. Nenhum carro me deu tantas alegrias, mas nossa história acabou quando ele foi roubado. Chorei por dias”, afirma.
Risos e sufocos
Basta tocar no assunto carros inesquecíveis que a coordenadora pedagógica Lucifrance Carvalhar, de Sumaré (SP), 42 anos, gargalha ao lembrar do seu Corcel II 1972. “Em 1995, comprei um modelo verde-musgo que estava caindo aos pedaços”, afirma. Fato curioso: o dono anterior do carro perdera a chave de contato e, para dar partida, tinha ligação direta. “Era um interruptor de campainha! As portas viviam abertas, mas ele não era alvo de ladrões por ser muito feio. O banco dianteiro do passageiro ficava solto e, quando eu freava, quem estava ali acabava de pernas para o ar! Passei quase dois anos com ele e, até hoje, meus amigos perguntam sobre o veículo. As risadas são inevitáveis. Nunca me esquecerei desse carro”, finaliza.